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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Ontem a noite...

- Tudo bem?

"Ontem eu pensei que realmente estava morrendo. Meu peito murchou. Meus ombros caíram. Meus olhos fcharam por um instante. Tempo suficiente pra minha vida passar sobre os meus olhos. Nao amei. Quer dizer, não me amaram, ja que eu amei pra caralho. Eu me apaguei, me largaram. Eu me recuperei, me esqueceram. Passei todo esse tempo a sombra das sombras alheias. Poderia dizer que vivi a sombra do poço. Via as pessoas se afundaram, morrerem afogadas na sua própria lama, assim como vi as pessoas resurgirem de la e criarem asas. Eu não fiz nada. Não me permitiram fazer nada. Não me deram espaço. Me subjulgaram. Não me deram valor. Procurei pelos becos um bom motivo pra continuar caminhando. Não foi. Não fui. Ontem a noite pensei que estava morrendo. Azar meu, de manhã eu acordei"

- Claro,  tudo ótimo! E com você?

terça-feira, 21 de abril de 2015

Quando eu acordar...


Quando eu acordar, espero que haja luz do lado de fora. Quando sair deste pesadelo, espero que ele se dissipe em sorrisos. Quando você sumir de dentro de mim, espero não sobrar mais nada dentro de você. Não quero que apareça e pergunte por mim, pergunte despretensiosamente se ainda lhe amo. A resposta talvez seja não, embora eu saiba que será sim.  Amar você não foi um hobbe. Custou-me tempo, sono e disposição. Das mensagens que nunca chegaram de madrugada, quero que permaneçam desaparecidas. Quero que outro amor a encontra. Quero que você suma sem deixar pistas. Nenhum numero ou endereço que eu possa seguir. Nenhuma carta que eu possa ler. Nenhuma saudade que se faça durar. Se for pra sair da minha vida que sai de vez. Que leve as conversas, brincadeiras e manias consigo. Que as jogue no lixo. Não deixe nada que me faça lembrar das chuvas, dos domingos de tédio, os filmes de amor. Isso foi um fim. Fim não tem vírgulas, reticências, ou dois pontinhos. O fim tem um único ponto. Um que significa não ter mais prerrogativas. Não tem mais assuntos. Não tem mais conversas. Não tem mais piadas. Não tem mais recomeço. E quando eu acordar, realmente espero não ter mais nada de você aqui. 

Ninguem me disse...


Ninguém me disse como era a vida. Jogaram-me na realidade desde cedo. Como uma bofetada de luvas convidando-me para um duelo. Não me deram armas, uma armadura muito mesmo instruções. Jogaram-me em um estádio romano repleto de leões. Não me deram um mapa do caminho, não me disseram que poderia cair e para as quedas não me deram um kit de primeiros socorros. Não respeitaram a minha idade, muito menos as minhas condições. Simplesmente disseram “Viva! E faca isso direito!”. Queria ter me preparado, traçado algum tipo de plano, desenhado um mapa por onde não passar e escrever quais batalhas não valeria a pena lutar. Não me deram um coração de reserva, e creio que o que eu tenho – pelo menos o que sobrou dele – não vai durar mais dois amores. Não me abraçaram, não pediram perdão. Tenho que admitir. Viver esta acabando comigo. Não tive tempo pra ensaios, estou aqui no improviso, sobre uma corda bamba tentando não cair. Não me disseram pra onde estou indo, muito menos como cheguei aqui. Não me disseram por quanto tempo eu teria que caminhar, só me contaram das coisas que eu tinha que evitar na caminhada. Me disseram que andar era fácil, desde que eu não tivesse limitações, que variavam das pernas quebradas ao coração partido. Me omitiram os orgasmos, os gozos, os sorrisos, as lembranças, as saudades, as tristezas, os arrependimentos, os erros e os acertos. Eu simplesmente segui. E continuo seguindo, mesmo sem saber em onde tudo isso vai acabar. 

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