Ninguém me disse como era a vida.
Jogaram-me na realidade desde cedo. Como uma bofetada de luvas convidando-me
para um duelo. Não me deram armas, uma armadura muito mesmo instruções. Jogaram-me
em um estádio romano repleto de leões. Não me deram um mapa do caminho, não me
disseram que poderia cair e para as quedas não me deram um kit de primeiros
socorros. Não respeitaram a minha idade, muito menos as minhas condições. Simplesmente
disseram “Viva! E faca isso direito!”. Queria ter me preparado, traçado algum
tipo de plano, desenhado um mapa por onde não passar e escrever quais batalhas
não valeria a pena lutar. Não me deram um coração de reserva, e creio que o que
eu tenho – pelo menos o que sobrou dele – não vai durar mais dois amores. Não
me abraçaram, não pediram perdão. Tenho que admitir. Viver esta acabando
comigo. Não tive tempo pra ensaios, estou aqui no improviso, sobre uma corda
bamba tentando não cair. Não me disseram pra onde estou indo, muito menos como
cheguei aqui. Não me disseram por quanto tempo eu teria que caminhar, só me
contaram das coisas que eu tinha que evitar na caminhada. Me disseram que andar
era fácil, desde que eu não tivesse limitações, que variavam das pernas
quebradas ao coração partido. Me omitiram os orgasmos, os gozos, os sorrisos,
as lembranças, as saudades, as tristezas, os arrependimentos, os erros e os
acertos. Eu simplesmente segui. E continuo seguindo, mesmo sem saber em onde
tudo isso vai acabar.
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